Vem aí a segunda onda do coronavírus e ministro não sabe quando será o “pico”
O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse não saber quando será o pico da epidemia causada pelo novo coronavírus no Brasil e que a possibilidade de uma segunda onda da doença é “real”.
“Quando é que vai ser pico? Não sei e ninguém sabe. Um dos grandes problemas de se definir uma data é que aquela sugestão se transforma em promessa de um dado real. Quando aquilo não acontece, todo mundo começa a se perguntar se a gente não está fazendo algo errado apenas porque não deu certo a data” – afirmou o ministro em audiência virtual do Senado Federal.
Indagado sobre se o Brasil corria o risco de uma segunda onda da Covid-19, Teich disse que os dados sobre a doença ainda são incipientes e que ainda não há dados suficientes para garantir que pessoas que já foram infectadas uma vez não poderiam ser infectadas novamente pela doença.
“(Incertezas sobre os dados) O que te deixa em alerta para a possibilidade de uma segunda onda. Ela é real. Outro dado importante é que já existem relatos isolados de pessoas que tiveram a doença duas vezes. O que não garante nem que você ter o anticorpo seja correto ” – afirmou o ministro.
Teich afirmou que o país nunca passou por “tantos grandes problemas”.
“A gente nunca teve tantos grandes problemas ao mesmo tempo, tendo que ser enfrentados pelas lideranças que são ministérios, estados, cidades, Câmara e Senado. É um momento histórico de união do país. E para mim é uma honra poder estar participando disso” – disse Teich.
O ministro destacou que um “ponto crítico” hoje é a falta de respiradores no país e deu a entender que esses e outros recursos podem ser remanejados, futuramente, para locais que registrarem avanço da doença.
“Se a evolução (da doença) no país não for homogênea, a gente tem a possibilidade de no futuro ir remanejando os recursos para capacitar os lugares a cuidar da pessoas” – disse o ministro.
Ele disse que, a partir de agora, a distribuição de equipamentos necessários para enfrentar a doença deixará de ser linear, com base em tamanho da população ou rotina de repasses, e priorizará os locais mais afetados. A diretriz já havia sido mencionada pelo novo secretário-executivo da pasta, Eduardo Pazuello, em entrevista coletiva nesta semana.
“Não há crítica à política adotada até então, mas a partir de agora, de posse de informações atualizadas de estados e municípios, percebendo os distintos perfis de comportamento da doença por região bem como o padrão de evolução da epidemia em cada localidade, definimos que nossas ações devem ser pautar por distribuição não linear de insumos e de meios”,disse Teich, acrescentando:
“O que definirá é a prioridade de socorro a estados e municípios, a partir da situação vivenciada pelo ente da federação”.
O Globo