Internações por Covid-19 em SP aumentam nos hospitais e cientistas temem 2ª onda

Paciente internado com covid-19
Foto: Márcia Foletto

Em meio a um cenário de provável subnotificação de casos da Covid-19 em São Paulo, devido a um “apagão” nos dados que durou quase uma semana, hospitais particulares vêm registrando aumento no número de internações de pacientes nos últimos dias. Além disso, uma pesquisa da Info Tracker – ferramenta desenvolvida por USP e Unesp para monitorar o avanço da pandemia – aponta que entre 1º de agosto e 5 de novembro houve um salto de casos suspeitos de coronavírus na Grande São Paulo e na capital paulista. Especialistas da área da saúde e cientistas chamam atenção para uma possível segunda onda da doença.

O Hospital Sírio-Libanês informou que voltou a atingir o pico de internações do início da pandemia, o mesmo registrado em abril deste ano: 120 pacientes com Covid-19. Nos últimos dois meses, o número oscilava entre 80 e 110. Sem dar detalhes sobre o total de atendimentos, o hospital 9 de Julho confirmou que registrou “discreto aumento” da taxa de ocupação em quartos privativos por pacientes com doenças respiratórias.

O Hospital Israelita Albert Einstein, que chegou a ter 135 internações por Covid-19 em abril, desceu o número para 56 em outubro. Mas, em novembro, teve um leve acréscimo, indo para 59 pacientes internados com coronavírus. De acordo com o médico Sidney Klajner, presidente do Einstein, o aumento não é significativo, e as internações estão estáveis. No entanto, o aumento do número de testes de Covid-19 realizados e a positividade dos mesmos são sinais de alerta.

— Não sabemos ainda, porque não foi confirmado, mas talvez exista uma menor gravidade nos casos atuais. Há um relaxamento maior do isolamento na população mais jovem, que são as pessoas que internam menos e lidam melhor com a doença. A minha preocupação é que essas pessoas convivem com pessoas de risco. Há possibilidade de levar a doença para casa e isso realmente significar uma segunda onda, estressando o sistema de saúde — alerta o especialista.

Já o Hospital Vila Nova Star, que atende em sua maioria o público de alta renda, afirmou em nota ao Estadão que houve um aumento do número de pacientes com suspeita de Covid no pronto-socorro, porém também não informa o total de atendimentos. O HCor internou 100 pessoas nos meses de pico da pandemia. O número caiu para 18 pacientes, e agora aumentou para 30, segundo informações publicadas pela Folha de S. Paulo.

Na última semana, a ferramenta Info Tracker, do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, desenvolvida por professores da USP e Unesp, vem chamando atenção para um salto nos casos suspeitos de Covid. Segundo especialistas que estão monitorando 92 municípios (cidades que têm uma representatividade de 90% no número de óbitos por Covid no estado de SP) desde o início da pandemia, os casos suspeitos registraram crescimento na Grande São Paulo e na capital entre agosto e novembro.

Para Wallace Casaca, cientista de dados e um dos responsáveis por desenvolver a Info Tracker, o número de infectados suspeitos oscilava muito no ápice da pandemia, o que indicava normalidade para a ocasião em uma época de muitos registros diários. Com os recentes boletins do estado de SP mostrando queda no número casos e óbitos confirmados, o mesmo cenário deveria estar sendo observado nos casos suspeitos, mas, desde agosto, o número de casos suspeitos “só aumenta”.

O Globo