Recorde mundial: EUA chegam a 100 mil mortes causadas pela Covid-19

Equipe do Maimonides Medical Center, no Brooklyn, em Nova York
Foto: Spencer Platt/AFP

Os Estados Unidos alcançaram a marca sombria de 100 mil pessoas mortas pelo novo coronavírus nesta quarta-feira, de acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins. O número foi atingido em um período de cerca de três meses, o que representa uma média de mais de 1.100 mortes por dia.

Ele representa ainda mais que o dobro do previsto em meados de abril por Donald Trump, que disse na época que a doença deixaria cerca de 50 mil mortos no seu país. No início de maio, no entanto, o presidente americano, que de início minimizou a gravidade da Covid-19, admitiu que o saldo de mortes poderia chegar a 100 mil — ou seja, 30% das mais de 353 mil vítimas fatais provocadas pelo novo coronavírus no mundo inteiro.

Os EUA, maior economia e maior potência militar global, são o país com o maior número de casos confirmados da Covid-19, com quase 1,7 milhão de registros da doença. Em termos de mortes por milhão de habitantes, o país está em nono lugar.

O número de 100 mil se aproxima do total de mortos em quatro grandes conflitos travados pelos americanos desde o fim da Segunda Guerra Mundial: a Guerra do Vietnã, a Guerra da Coreia, a Guerra do Iraque e a Guerra do Afeganistão. Nos quatro, foram 101.667 mortes. Fica também bem próximo dos óbitos provocados pela gripe de 1957/58: 116 mil.

O New York Times marcou o dado sombrio dedicando toda a primeira página de seu domingo a uma longa lista de 10 mil nomes de vítimas fatais da pandemia nos EUA. A pedido da Casa Branca, as bandeiras em prédios federais e monumentos nacionais foram colocadas a meio mastro no domingo.

Ainda assim, o presidente continua a pressionar pela retomada das atividades sociais e econômicas e declarou igrejas como serviços essenciais. Por se tratarem de espaços fechados com grandes aglomerações, especialistas consideram os templos espaços de alto risco de propagação do novo coronavírus.

As mortes nos Estados Unidos têm diminuído na média da última semana, mais de dois meses depois de muitos dos 50 estados decretarem medidas de isolamento social. A evolução da pandemia nos Estados Unidos foi marcada por conflitos entre o presidente e governadores, a maior parte deles democratas, que impuseram quarentenas para tentar frear a expansão da doença.

Trump também enfrentou cientistas do próprio governo ao propagandear a cloroquina como tratamento para a Covid-19, quando pesquisas científicas já demonstraram que, além de ineficaz, o medicamento usado contra a malária pode ter graves efeitos colaterais.

O Globo