Opas alerta que toda a América Latina está ‘como a Europa há seis semanas’

No Equador, pessoas mortas são colocadas em caixões dentro de casa. Foto: Reuters

A América Latina está como a “Europa há seis semanas” em relação ao avanço do novo coronavírus, portanto se espera um crescimento do número de casos nas próximas semanas, alertou nesta terça-feira (28) o vice-diretor da Organização Panamericana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa.

Para a diretora da Opas, Carissa F. Etienne, só o aumento dos testes permitiram ter um melhor diagnóstico da situação. De acordo com a organização, os países mais afetados com novos casos na semana passada foram — além dos Estados Unidos — Brasil, Canadá, Equador e México.

— À medida em que aumentam os testes, os países começam a atualizar seus números para confirmar o que esperávamos há muito tempo: a carga da Covid-19 em nossa região é maior do que as autoridades de saúde puderam informar nas semanas anteriores — afirmou Etienne.

Barbosa indicou que “o que se pode esperar para as próximas semanas é o crescimento do número de infectados”. Segundo um balanço da AFP, que não inclui Estados Unidos nem Canadá, há cerca de 8.900 mortes na região e mais de 176 mil casos confirmados.

— Por isso é importante que os Ministérios da Saúde dos governos sigam com as medidas de distanciamento sem baixar a guarda — alertou Barbosa.

Em um momento em que a campanha de vacinação foi interrompida em muitos países, Etienne ainda fez um apelo para não atrasar essas intervenções.

— Devemos vacinar para proteger os funcionários da saúde, os idosos e as populações vulneráveis de outras infecções respiratórias, como a gripe e o pneumococo, que podem levar a mais internações — disse, destacando que essas duas doenças também podem ser “mais difíceis de diagnosticar dentro do contexto”.

Em relação à chegada do inverno no Hemisfério Sul e seu impacto sobre o avanço da epidemia, Barbosa afirmou que a Covid-19 pode “produzir grandes surtos em qualquer país, a qualquer temperatura”. O médico esclareceu, no entanto, que “durante o período de inverno há uma transmissão mais forte dos vírus respiratórios” e isso pode acelerar a transmissão do coronavírus.

O Globo