Sem trégua da pandemia, Brasil atinge marca de 300 mil mortes por covid-19

Na foto, profissional de saúde examina paciente intubado em hospital no Rio de Janeiro. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Pouco mais de um ano depois da primeira morte por covid-19 no país, o Brasil atinge a marca de 300 mil mortes registradas pela doença. O número é registrado no mesmo mês em que há altas sucessivas no volume de mortes registradas em 24 horas — sendo o recorde mais expressivo o desta terça-feira (23) em que mais de 3 mil óbitos foram registrados.

Nos últimos meses, especialistas têm criticado a postura do governo federal em relação à pandemia no país, com a falta de coordenação nacional em relação aos esforços de combate à covid-19.

Na tarde desta quarta-feira (24), o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou em coletiva que “vacinar um milhão de pessoas por dia é uma meta plausível”, sem fornecer datas. Ao mesmo tempo, o novo ministro não se posicionou em relação ao tópico de uso da cloroquina, se pautando pelo critério de que o tratamento para cada paciente depende de seu médico.

Também nesta tarde, estados e municípios criticaram a postura do governo federal de mudar o sistema para contabilizar óbitos relacionados à covid-19. Após a repercussão das dificuldades relacionadas ao novo sistema, representantes das duas principais entidades de saúde no Brasil disseram que o Ministério da Saúde aceitou o pedido de voltar atrás nas mudanças.

Colapso

Em razão do aumento expressivo da doença no país, o governo liberou a abertura de 685 leitos de UTI para covid-19 em doze estados. A portaria com a decisão foi publicada nesta quarta-feira, 24, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Este é o terceiro ato da pasta desde a semana passada para habilitar novos leitos no país — na quinta-feira, 18, foram liberados leitos em São Paulo e na sexta-feira, 19, outros cinco estados também foram atendidos.

Com vários estados à beira do colapso, também faltam insumos para intubação. Na cidade de São Paulo, o chamado “kit intubação” deve durar apenas mais uma semana — no Distrito Federal, 26 remédios já estão esgotados. Diante dessa situação, o senador Randolfe Rodrigues propôs zerar o imposto desses insumos.

No texto, o senador alerta que o Brasil está na iminência de uma crise de abastecimento de insumos necessários para a intubação de paciente, como anestésicos injetáveis, relaxantes musculares e sedativos. “O Poder Executivo Federal, mais uma vez, falha no seu dever de proteger a vida e a saúde da população brasileira”, afirma.

Exame