Bolsonaro faz 3º teste para saber se continua com Covid-19 e resultado dá positivo
O coronavírus já infectou de 2 milhões de pessoas no Brasil, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta quarta-feira, 22, um terceiro teste feito por ele também deu um resultado positivo, acendendo a discussão sobre quanto tempo efetivamente pode durar a covid-19 no organismo humano.
Mas por que uma pessoa segue com o teste positivo mesmo depois de semanas com a doença? Segundo o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, isso indica que a pessoa ainda tem a carga viral em seu corpo. “Mas não existe nem a recomendação de fazer um segundo teste. Se você fez o primeiro e deu positivo. Após 14 dias, se você não tem mais sintoma, significa que o organismo ganhou a batalha”, diz.
Para David Dowdy, professor e infectologista na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, o duplo positivo pode ser explicado pela constante replicação viral, o que significa que o corpo está com o vírus sob controle, mas ainda não conseguiu matar todas as partículas virais.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do governo dos Estados Unidos aponta que o vírus pode ser detectado por semanas após os primeiros sintomas da doença aparecerem, contudo, a duração do contágio e o período de infecção ainda não são conhecidos, segundo o CDC.
O tempo de incubação do vírus, por exemplo, pode ser de 14 dias. Já o tempo em que ele fica presente no corpo humano varia, mas, em média, as pessoas tendem a melhorar de dez a 14 dias.
Dados do estudo Our Covid Symptom Study, realizado em parceria com a King’s College de Londres, apontam que a maioria das pessoas se recupera da covid-19 em até duas semanas, o que corrobora a informação citada acima. Apesar disso, uma em cada dez ainda pode sofrer com a doença mesmo após três semanas — ou até meses.
É incerto se os infectados, mesmo tendo testes positivos, continuam a espalhar o novo coronavírus. Uma pesquisa chinesa mostra que um doente, por exemplo, foi capaz de continuar infectando outras pessoas por até 49 dias, mesmo tendo sintomas leves da doença.
O tempo de duração do vírus no corpo humano, no entanto, ainda não é algo claro para pesquisadores e cientistas. E mesmo com um teste positivo, a pessoa pode já estar recuperada. “O ácido nucléico do vírus pode ficar no corpo semanas após a recuperação, então é definitivamente possível que isso aconteça mesmo depois da recuperação”, diz Dowdy.
As pessoas que foram infectadas também podem continuar sofrendo complicações mesmo após terem se recuperado do vírus e não serem mais contagiosas. Entre elas estão a fadiga e a dificuldade de respirar, que pode indicar um problema pulmonar causado pela doença.
Por quanto tempo uma pessoa contagiosa é capaz de infectar outras?
O período de infecção, quando a pessoa infectada é capaz de espalhar o vírus, já pode começar de um a três dias antes de os sintomas aparecerem. Uma pessoa que tem covid-19, por exemplo, fica mais infecciosa de um a três dias após o aparecimento dos sintomas e é mais forte durante os primeiros sete dias de infecção.
Mesmo assim, outras pessoas podem ficar infecciosas por ainda mais tempo. Quando os casos do SARS-CoV-2 são mais graves, é comum que os sobreviventes continuem contagiosos por até dez dias após o início dos sintomas da doença, segundo um estudo chinês publicado em março na prestigiada revista científica The Lancet. “Dependendo da causa para um teste positivo, a pessoa pode sim ainda estar contagiosa. A gente sabe que algumas continuam infectando outras por semanas. Também sabemos que outras testam positivo por semanas, mesmo sem estarem mais espalhando a infecção”, explica Dowdy.
Vecina concorda. “A regra geral do ponto de vista do que nós sabemos é que por volta do 12º ao 14º dia você não tem mais o vírus viável na sua orofaringe. Depois de um tempo, seu organismo produzi anticorpos e pode ter destruído os vírus ativos, no entanto, você pode continuar tendo material infeccioso, mas que não é viável, ou seja, não são vírus inteiros com capacidade de produzir a doença”, afirma ele.
A covid-19, então, segue com muitas incertezas. Entre as principais, está o risco de uma possível reinfecção. Para Dowdy, embora ainda não tenhamos visto muitos casos recorrentes, é importante lembrar que essa é uma possibilidade que não pode ser descartada. “Isso significa que a imunidade está durando por pelo menos alguns meses. Além disso, ninguém sabe.”
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